terça-feira, 21 de julho de 2009

“Bem… Finalmente escrevo o “bendito texto”, sobre um tema / assunto um tanto questionável no dia-a-dia, a meu ver.
Não trabalho directamente no ramo, nem sou muito entendida no assunto que vou abordar, pesquisei, mas não o suficiente, pelo menos para mim e para expor as dúvidas. Mas como prometi escrever no tal dia e tal não aconteceu por motivos de trabalho, então vai já com os conteúdos que possuo.

O que pretendo e vou tentar abordar e ao mesmo tempo questionar, é se existe uma verdade ou várias verdades?! E / Ou se existe mesmo alguma verdade?!

Tal dúvida, dúvidas, já vêem de algum tempo atrás, contudo, muito recentemente ao ler um novo livro, (que esta por terminar), voltam-se as tais dúvidas constantemente. Pois o que me leva a questionar sem pensar, a ponderar sem julgar e até mesmo e relativamente á nossa existência, nós mesmos. (Não se assustem, apenas quero partilhar convosco esta minha, melhor, esta imensidão inquestionável que ronda o meu pensamento, faz muito tempo e o de muitos, creio).
Não vou compartilhar o nome do livro, porque não acho “justo”, visto não ser o único a abordar e a falar de tal “acontecimento”, tema. Perdoem-me!

No entanto tentei questionar várias pessoas sobre este mesmo assunto e como é natural claro, (digo eu), não souberam responder-me concretamente também. Atenção, questionei pessoas de senso comum e não entendidos no assunto. A verdade, é que muitos deles também se questionam no seu dia-a-dia e outros que não faziam tal, fizeram-no na altura, ou colocaram em questão. Se formos ver, nem tudo é o que parece.

Segundo o “Livro”, “Não existe uma verdade, mas várias verdades”, minto, não propriamente o livro, mas segundo filósofos abordados. Tais como o Michel Foucault, relativamente á primeira afirmação e Karl Popper quanto á segunda afirmação. Onde este afirma que “Não há nada que seja definitivamente verdadeiro, apenas coisas que são definitivamente falsas e outras provisoriamente verdadeiras.”

Pois então digam-me! Não existe aqui uma contradição?! Na primeira, supostamente existe várias verdades, porém na segunda, diz não existir verdade no seu total, mas apenas verdade provisória. Ou seja, O Filósofo Michel Foucault, foi fortemente influenciado pela descoberta e defensor de que “Não existe uma verdade, mas várias verdades.” Isto, é a consequência lógica da descoberta de Immanuel Kant. Pois, se nós não podemos aceder ao real, porque ele é inatingível pelos nossos sentidos, sendo reconstruído através dos nossos limitados mecanismos cognitivos, então não conseguimos aceder á verdade. Se não conseguimos chegar ao real, não conseguimos chegar à verdade. Julgo que isto seja lógico.

No entanto, Immanuel Kant observou que o Homem não tem acesso ao real em si, à realidade ontológica das coisas, mas apenas a representações do real. Nós não conhecemos a natureza dos objectos em si mesmos, apenas o modo como os percebemos, modo esse que nos é peculiar. Por exemplo, um homem percepciona o mundo de uma maneira diferente dos morcegos. Os homens captam imagens, os morcegos registam ecos sonares. Os homens vêem cores, os cães olham preto e branco. Os homens captam imagens, as cobras sentem temperaturas. Nenhuma forma é mais verdadeira do que a outra. São todas diferentes. Nenhuma capta o real em si e todos apreendem diferentes representações do real.

Do real apenas vemos as sombras, nunca o próprio real. Se o real é inatingível devido aos limites da nossa percepção, isso significa que somos nós que construímos a nossa imagem do real. Essa imagem não emana exclusivamente do real em si, mas também dos nossos peculiares mecanismos cognitivos. Ou seja, daí que os desconstrucionistas franceses digam que não há nada fora do contexto.

Agora, mais uma vez, digam-me como é que se pode dizer que não há uma verdade? Não será isso um pouco elaborado de mais?

Estou a olhar para este blog e digo que este é preto de fundo, não estou a falar a verdade?

Mas isto já remete e é um problema de fenomenologia, no rescaldo da “Crítica da Razão Pura”, que teve de resolver. Daí que tenha havido necessidade de redefinir a palavra verdade. Edmund Husserl, um dos pais da fenomenologia, dedicou a sua atenção a essa questão e constatou que os juízos não têm nenhum sentido objectivo, apenas uma verdade subjectiva, e estabeleceu uma separação entre a conexão das coisas, ou nómenos, e a conexão das verdades, ou fenómenos. Ou seja, a verdade não é a coisa objectiva, embora com ela esteja relacionada, mas a representação subjectiva da coisa em si. Martin Heidegger retomou esta ideia e observou que a verdade é o assemelhar-se da coisa ao conhecimento, mas também o assemelhar-se do conhecimento à coisa, uma vez que a essência da verdade é a verdade da essência.

Mais uma vez e no entanto, estou a ver o mar e constato que é azul, uma verdade objectiva, (Pensamos nós). Mas se estudarmos o fenómeno das cores, verificar-se-á que elas de alguma forma são uma ilusão. O céu e o mar parecem-nos azuis devido à maneira como a luz solar incide sobre a Terra. Quando a luz do sol é oriunda de um ponto perto do horizonte, o céu pode tornar-se avermelhado devido a uma alteração na distribuição da banda de cores dos raios solares. O céu é o mesmo, a banda de cores de espectro de luz é que se alterou por causa da nova posição do Sol. Isso demonstra que o mar não é azul, são os nossos olhos que, devido às suas características cognitivas e em função da distribuição da luz, o captam assim. No fundo, é esse o problema da verdade. Como sei que os meus sentidos podem enganar-me, que o meu raciocínio pode conduzir-me a conclusões falsas, que a minha memória pode pregar-me partidas, não tenho acesso ao real em si, nunca serei dono da verdade objectiva, da verdade definitiva, final. Pois, nós olhamos o mar e vê-se azul, um cão olha para o mar e, como é daltónico, vê-o cinzento. Nenhum dos dois tem acesso ao real em si, apenas a uma visão do real. Nenhum dos dois é dono da verdade objectiva, mas só de algo menos categórico. A verdade Subjectiva.

Será que me fiz entender?! Nem eu mesma ainda tenho a certeza do que acabei de escrever, mas o que é certo é que a maioria dos filósofos defendem tal “atitude”.

Mais uma vez, o que Michel Foucault fez, foi demonstrar que as verdades dependiam dos pressupostos da época em que foram enunciadas. Trabalhando quase como um historiador, chegou à conclusão de que saber e poder se encontram tão intrinsecamente ligados que se transformam em saber/poder, são quase as duas faces da mesma moeda.

Este concluiu que o poder estava por trás de tudo e dedicou-se à missão de analisar a forma como o poder se exerce através do conhecimento, usando o saber para estabelecer controlo social. A tal aliança saber/poder. Porém num outro texto mais kantiano de Michel Foucault, aquele onde as palavras são a manifestação do real e as coisas o próprio real. De alguma forma este livro contribui para destruir a noção absoluta da verdade. Pois, se o nosso modo de pensar é sempre determinado pelos pressupostos e preconceitos da nossa época, então não é possível chegar à verdade objectiva. A verdade torna-se relativa, dependendo do modo como as coisas são vistas. Por isso Michel Foucault é considerado um seguidor de Immanuel Kant.

Michel Foucault definiu aí a verdade como sendo uma construção, um produto do conhecimento de cada época, e estendeu essa visão a outros conceitos. Ou seja, o autor não passa do produto do seu material e das suas circunstâncias. E ao escalpelizar assim o conceito, ele está a desconstruí-lo, mais uma vez é um contexto.

Com isto tudo fico na dúvida ainda, será mesmo que existe uma verdade, várias verdades ou nenhuma verdade? A meu ver, acredito e creio, melhor quero acreditar que existe alguma verdade nas coisas, em nós. Por outro lado tem um pouco da sua lógica, não existir verdade em tudo, se bem que hoje em dia, muitas das coisas estão cientificamente comprovadas/provadas, o que prova, (atenção, digo eu segundo alguns testemunhos), que existe mesmo uma verdade, por mínima que seja ela. ”

(Espero que tenham gostado, mas no mínimo entendido alguma coisa… :P PS: desculpem o tamanho e o conteúdo do texto.)

6 comentários:

  1. A menina empenhou-se... ;)

    Ninguém é dono da verdade. Não existe uma verdade, existem multiplas verdades de acordo com a perspectiva de cada um.

    O que é verdade para mim, pode ser mentira para ti. Importante é respeitar a opiniao alheia e tentar entender.

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  2. Adorei o texto! Acho que a verdade existe! Eu também me questiono muito sobre isso, já há muito tempo. Pra mim a verdade existe, mas é muito subjectiva.

    Beijinho e obrigada;)

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  3. pois é

    com pouco se diz muito
    e naquele meu post, tem lá mesmo muito I WISH
    mesmo muito


    podes nao acreditar mas tive cerca de 30min pa escrever aquela metafora
    :P


    WHOW

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  4. ois doidaaaa, olha eu só acabo os exames a 31 de julho.....baaaah, o meu cerebro ja se encontra em agua de tanto aquece......


    loool

    bjux doida*****

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  5. Adorei o texto, como vc se chama? Gostaria de enviar a um amigo com o dedido crédito

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  6. Hoje já tive tempo para me dedicar ao teu texto :-D Compreendo essa tua "Dúvida existencial". Uma vez dei comigo quase a endoidecer quando o meu namorado me disse que as copas das árvores nao são verdes, nem o mar é azul, só uma ilusão que o sol cria nos nossos olhos. Passei um bom tempo a olhar para a árvore à minha frente e a tentar imaginá-la de outra cor! Ou sem cor! Mas eu simplifiquei logo as coisas: a verdade é aquela que nós queremos, porque acreditamos naquilo que queremos acreditar. E concordo com o Kant, varia consoante as nossas percepções. Mas isso sou eu a divagar, porque sou como o outro: "só sei que nada sei!"

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